Jether Pereira Ramalho fez sua Páscoa: um construtor do ecumenismo e um dos fundadores do CEBI

Jether Pereira Ramalho fez sua Páscoa: um construtor do ecumenismo e um dos fundadores do CEBI
28 de junho de 2020 CEBI MG

Jether Pereira Ramalho fez sua Páscoa: um construtor do ecumenismo e um dos fundadores do CEBI

Jether Pereira Ramalho, leigo da Igreja Congregacional, sociólogo, professor aposentado da UFRJ, militante ecumênico e ativo na luta e resistência contra a ditadura militar-civil-empresarial de 1964 a 1979, um dos fundadores do CEBI e do CEDI, integrante do Grupo Koinonia e foi presidente do CESEEP.

Hoje, dia 28 de junho de 2020, Jether fez a sua páscoa e o CEBI faz memória de sua caminhada e ousadia na construção do ecumenismo e da inserção das igrejas nas lutas por transformação social e superação das desigualdades sociais e econômicas.

Desde os inícios da caminhada do CEBI, Jether não cansava de afirmar que o CEBI é genuinamente ecumênico, pois desde 1977, este professor de sociologia e impulsionador das causas comuns, ecumênicas e sociais apoiou a gestação do CEBI a partir da escuta das necessidades de articular um serviço que ajudasse o povo empobrecido no uso e interpretação da Bíblia, com o intuito de ajudar as pessoas cristãs no seu engajamento para a transformação da sociedade. Sua visão de mundo e da conjuntura dos anos 1970 se somou com tantos companheiros e companheiras sedentos por mudança e no enfrentamento dos projetos de opressão. Jether ousou naqueles anos de ditadura a levantar a bandeira do ecumenismo como um passo importante de resistência e luta. No tocante ao CEBI, Jether Ramalho e Frei Carlos Mesters foram os primeiros a viajar para reuniões com vários grupos para falar sobre a necessidade de um serviço de leitura da Bíblia que alimentasse uma leitura comunitária, ecumênica, militante e transformadora.

Jether Ramalho sempre apostou na derrubada das cercas que separam cristãos e cristãs por meio da busca da unidade da Igreja na América Latina. Para ele a unidade é um dos sinais que a justiça, a paz e a igualdade tornarão evidente a construção do Reino de Deus.  A unidade ecumênica tem por missão fortalecer a unidade do povo, pois o ecumenismo deve ultrapassar os limites eclesiais e alcançar os movimentos sociais populares. Jether Ramalho, nestes 40 anos do CEBI e no movimento ecumênico, representou a voz a apontar os passos para o caminho das Igrejas na América Latina nos enfrentamentos dos mecanismos de opressão e dos fundamentalismos e sectarismos religiosos. Sua intuição: o ecumenismo tem de ser uma bandeira de luta, uma inspiração e o fortalecimento da organização popular e com isso confirmar a vocação para a unidade na pluralidade na caminhada dos serviços ecumênicos junto aos povos nas periferias.

Seu sonho semeado nestes últimos 40 anos é que o movimento ecumênico seja espaço das lutas do povo e fortalecimento da teimosa esperança. Esta semente semeada por Jether Pereira Ramalho é que mantém e aquece a chama de uma nova oikoumene.

Fernando Altemeyer: “Memória do amigo muito amado Jether Pereira Ramalho. Nascido em 02/12/1922 e falecido no Rio de Janeiro em 28 de junho de 2020. Leigo da Igreja Cristã de Ipanema e da Igreja Congregacional de Bento Ribeiro, RJ. Homem sereno, profeta de horizontes largos e coração imenso. Aprendi muito com ele e seu modo espiritual de mostrar Deus sem fronteiras e com lucidez. Agora na eternidade com sua amada esposa Lucília. Pilares da fé da Igreja de Cristo unida pelo amor e pela oração fervorosa. Ele foi alguém que viveu as palavras de Jesus em seus quase 98 anos de vida. Deus seja louvado. Glória a Deus por seu testemunho. O amor de Cristo nos uniu. Peço aos amigos e amigas que orem por sua família e por sua Igreja. E que sejamos ecumênicos como esse grande mestre o foi em palavras, gestos e sorriso cativante.”

Magali do Nascimento Cunha: “O mestre e grande companheiro Jether Ramalho nos deixou. Sei que foram quase 98 anos bem vividos e agradeço a Deus por eles e por ter me permitido partilhar de uma parcela deles. Aprendi muito com o Jether no tempo em que trabalhamos juntos no CEDI, depois Koinonia, e também nas tantas atividades do Ceseep Oikoumene e do movimento ecumênico brasileiro e internacional. A fidelidade ao Evangelho e a paixão ecumênica do Jether eram contagiantes! Não havia repressão, fechamento ou obstáculos que a desvanecessem! Sua memória como Diretor do Departamento de Ação Social da Confederação Evangélica do Brasil rechearam as páginas da minha dissertação de Mestrado e me incentivaram a torná-la sempre viva no meu próprio engajamento cristão. Leigo congregacional era tido por muitos como pastor. E era mesmo! Um pastor de esperanças! Esperança ele tinha de sobra, acreditando sempre na potência dos movimentos progressistas a despeito das tantas pedras no caminho.”

Nosso abraço solidário a todos/as parentes e amigos/as do Jether Ramalho. Seguiremos cultivando o ecumenismo que ele tanto semeou.